Receita de hotéis ainda recua em 2017

Ainda não será este ano que a hotelaria brasileira vai reverter o ciclo de retração iniciado em 2015, aponta levantamento do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), que reúne as 27 maiores redes de hospedagem que atuam no país. Segundo levantamento que o Valor antecipa hoje, o setor projeta para 2017 redução na diária média e na receita média por apartamento (RevPar), e apenas uma leve recuperação na taxa de ocupação.

Segundo o vice presidente de estudos e tendência do Fohb, Patrick Mendes, também presidente da Accor Brasil – maior rede hoteleira no país -, o setor não conseguiu ainda aproveitar a reação da economia do país. “A expectativa é de alguma recuperação na atividade hoteleira, mas começando de modo bem tênue em 2017 e avançando apenas nos próximos anos”, disse Mendes, que em dezembro de 2016 chegou a apostar em um 2017 de crescimento mais firme.

No primeiro semestre deste ano – dados mais recentes contabilizados -, o desempenho das redes associadas ao Fohb mostrou taxa de ocupação acumulada em queda de 0,3%, para 53%. Na diária média, a retração foi de 4,6%, para R$ 232,59, e na receita por apartamento, houve recuo de 4,9%.

Segundo Orlando de Souza, diretor-executivo do Fohb, o problema maior está no segmento econômico, que forma a base da indústria hoteleira no país. “A recuperação da taxa de ocupação tem sido muito lenta porque as empresas ainda estão conservadoras para assumir novas despesas. Isso fica mais evidente na classe super-econômica porque nesse segmento as tarifas já são as mais baixas do país, e os clientes não têm como reduzir custos se não for por meio do corte de viagens”, disse Souza.
A diária média também está demorando para reagir, segundo o Fohb, por causa das temporadas recentes marcadas por descontos e promoções – tentativas dos hotéis para conter a fuga de demanda.

Pelo levantamento do Fohb, os indicadores operacionais devem apresentar reação mais firme apenas em 2018. Segundo Souza, a retomada passa pelo segmento de “middle-scale”, com tarifas entre as praticadas pelos econômicos e os de alto padrão (“upscale”). “São hotéis que estão recebendo parte da demanda que era dos ‘upscale’ por causa dos cortes de custos das empresas”, disse.

Por João José Oliveira, Valor Econômico, 01/11/2017.


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